quarta-feira, 10 de agosto de 2011

CRIANÇA PODE (DEVE) USAR ANDADOR?

Se você está pensando em investir o seu dinheiro num andador para o seu filho, atenção! A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) estima que o acessório, apesar das recomendações dos médicos, ainda é usado por cerca de 60 a 90% dos bebês entre seis e 15 meses de idade. E os riscos são inúmeros: queimaduras (pela proximidade com tomadas e panelas), intoxicações, afogamentos e, principalmente, quedas. Para piorar, estudos mostram que 70% das crianças que sofreram traumatismos com andadores estavam sob a supervisão de um adulto. “O andador, de fato, dá mais independência aos bebês”, diz Luiza Batista, coordenadora de políticas públicas da ONG Criança Segura. “Mas eles ainda não têm maturidade física e emocional para tanta liberdade.” Outro fator que facilita os acidentes é o fato do peso da cabeça da criança ser desproporcional ao resto do corpo. “Ela pende para frente com facilidade, postura que é potencializada pelo andador”, diz Luiza.
Além disso, o uso do aparelho pode atrasar o desenvolvimento psicomotor da criança, fazendo com que ela leve mais tempo para ficar de pé e caminhar sem apoio. Isso sem falar que ele encurta uma etapa importante, o engatinhar. Outro prejuízo diz respeito a atividade física: embora ganhe mais mobilidade, a criança gasta menos energia para alcançar o que lhe interessa. “Todos os seres humanos aprendem a caminhar sem andador”, diz Nei Botter Montenegro, ortopedista e traumatologista do Hospital Albert Einstein, de São Paulo. “Por isso, além de ser perigoso, ele não traz nenhuma contribuição ao desenvolvimento da criança.”
Ainda assim, o produto é facilmente encontrado nas lojas. Em alguns países, como o Canadá, a comercialização do andador é proibida (incluindo os artigos usados). No Brasil, infelizmente, não há legislação que proteja a criança nesse caso. “A responsabilidade, portanto, depende somente dos pais”, diz Luiza, da ONG Criança Segura.

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