terça-feira, 12 de abril de 2011

MÉTODOS CONTRACEPTIVOS PARA A MULHER QUE AMAMENTA

Assim que se pensa em retomar a atividade sexual depois que o bebê nasce, é preciso decidir algum método contraceptivo, para evitar uma nova gravidez logo em seguida.
Mesmo que você queira ter mais filhos, os médicos recomendam esperar pelo menos seis meses entre duas gestações, para que o corpo se recupere.
A amamentação exclusiva pode até ter algum efeito contraceptivo, já que a mulher às vezes nem menstrua, mas é um método nada confiável, porque você nunca sabe quando a primeira ovulação pode acontecer.
Pode ser que você tenha de tentar mais de um método para ver qual é o melhor para você. Cada organismo é de um jeito e as reações são diferentes dependendo da pessoa. Informe-se no posto de saúde mais próximo ou em farmácias populares, porque, dentro do Plano Nacional de Planejamento Familiar, há distribuição gratuita de alguns dos métodos abaixo, ou venda por preços bem menores que nas farmácias normais (a disponibilidade varia bastante também de acordo com outros programas de governos estaduais e municipais).
Veja abaixo as opções de métodos para quem está amamentando.
Preservativo A camisinha é um bom método, porque impede que os espermatozoides entrem na vagina. Não interfere na amamentação, não tem efeitos colaterais e ainda evita outras doenças sexualmente transmissíveis. Pode também servir como uma opção temporária, enquanto você não decide qual método mais permanente quer usar.
Camisinha masculina: É a mais conhecida. Pode ser usada em conjunto com um gel lubrificante à base de água, para facilitar a penetração nas primeiras vezes depois do parto. Existem camisinhas que já vêm com lubrificação. Nunca use duas camisinhas, uma em cima da outra. Em vez de reforçar a proteção, isso facilita que o preservativo rasgue.
Camisinha feminina: Menos conhecida, mas você pode experimentar para ver o que acha. Ela é um pouco mais cara que a masculina, e mais difícil de encontrar. É composta por dois anéis e um tubo de poliuretano. Um anel flexível fica no fundo da vagina, e outro do lado de fora (por isso alguns a consideram antiestética). Protege também contra doenças sexualmente transmissíveis.
Há quem diga que ela é útil porque dá poder à mulher: se o parceiro se recusar a usar preservativo, ela diz que então ela vai usar. Muitas vezes isso já é suficiente para convencer o parceiro a pôr a camisinha.
Pílula anticoncepcional Para quem amamenta, a indicada é a pílula de progesterona de uso contínuo. É tão eficiente quanto a pílula tradicional. A diferença é que ela só contém progestágeno, hormônio sintético semelhante à progesterona, enquanto a tradicional tem uma combinação de estrogênio e progesterona. O estrogênio não é adequando para quem amamenta.
Esse método também pode ser usado por mulheres que não estão amamentando. Ele inibe a menstruação, por isso há mulheres que não menstruam quando tomam esse tipo de pílula. Já outras têm pequenos sangramentos por longos períodos.
Deve começar a ser tomada seis semanas depois do parto, quando a produção de leite já está bem estabelecida. Algumas mulheres sentem diminuição da libido ou outros efeitos colaterais. Converse com seu médico.
Injeção de progesterona
A injeção de progesterona (Depo-Provera) é um método eficiente para quem amamenta, e tem a vantagem de eliminar o problema do esquecimento de tomar as pílulas todos os dias. É tomada uma por mês ou uma vez a cada três meses, e pode ser usada tanto pela mulher que amamenta como pela que não dá o peito. A primeira injeção pode ser tomada seis semanas depois do parto, quando a produção de leite já está firme.
A injeção pode inibir a menstruação. A desvantagem do método é que a fertilidade pode demorar a voltar, portanto ele não é indicado para quem pretende engravidar em até um ano. Há mulheres que reclamam de ganho de peso. É um método considerado mais barato.
Diafragma
O diafragma é uma espécie de "tampa" que se coloca no colo do útero antes de manter uma relação sexual. Ele é mais eficiente quando usado junto com algum tipo de espermicida. Precisa ser encomendado no consultório do ginecologista, pois é preciso medir o tamanho do colo do útero.
Como é um método de barreira, não interfere na amamentação nem causa efeitos colaterais, mas por outro lado não protege contra doenças sexualmente transmissíveis.
O diafragma é reutilizável, e não descartável. Você lava após o uso e guarda para utilizar de novo depois.
DIU com ou sem hormônio
O DIU (dispositivo intrauterino) é um pequeno instrumento em forma de T que é inserido pela vagina dentro do útero, e impede a passagem dos espermatozoides para as tubas uterinas, onde costuma acontecer a fecundação.
É um método eficiente e duradouro (fica lá por anos), mas relativamente caro, que pode ser usado tanto por mulheres que amamentam como por mulheres que não amamentam. Existem dois tipos de DIU:
DIU sem hormônio: o dispositivo funciona apenas como barreira. Normalmente é revestido de fios de cobre. Pode ter duração de entre três e dez anos.
DIU com hormônio: o dispositivo funciona como barreira e ainda libera doses pequenas de progesterona, funcionando mais ou menos como a pílula de uso contínuo (leia acima), mas com menos efeitos colaterais porque a ação do hormônio é local, no útero. A menstruação pode desaparecer ou pode haver sangramentos irregulares. Dura até 5 anos (vendido sob o nome Mirena).
Entre as vantagens dos dois tipos de DIU estão a longa duração e o retorno rápido da fertilidade, quando eles são retirados. As desvantagens são o alto investimento que tem de ser feito de uma vez só, as alterações no ciclo menstrual e a piora das cólicas (no caso do DIU sem hormônio).
O DIU pode ser inserido no consultório do ginecologista ou no hospital, com anestesia, dependendo da preferência do médico. A colocação sem anestesia é um tanto dolorosa, provocando cólicas intesas, mas toleráveis pela maioria das mulheres. A retirada não dói e é feita normalmente no consultório.
Para quem amamenta, o DIU com progesterona só deve ser inserido seis semanas após o parto. Já o DIU sem hormônio pode ser inserido antes disso. O DIU é mais recomendado para mulheres que já têm filhos devido a possíveis riscos de infecção no útero e complicações de saúde.
Implante
O implante é um pequeno bastão flexível, mais ou menos do tamanho de um palito de fósforo, que é introduzido debaixo da pele do braço, e que vai liberando pequenas doses de um hormônio sintético semelhante à progesterona. Ele é colocado no consultório do ginecologista, com uma pequena dose de anestesia local (a retirada também é realizada com anestesia local).
Como não contém estrogênio, pode ser usado por mulheres que amamentam e pelas que não amamentam. A duração é de até três anos (Implanon). Deve ser colocado no mínimo quatro semanas depois do parto, quando a produção de leite estiver bem estabelecida.
Os efeitos colaterais são alterações na menstruação (que pode desaparecer ou se transformar em sangramentos frequentes e irregulares) e eventual diminuição na libido. Assim como na pílula de uso contínuo com base em progesterona, há mulheres que reclamam do ganho de peso. Por outro lado, ameniza cólicas e sintomas de tensão pré-menstrual (TPM).
Da mesma forma que o DIU, exige um investimento financeiro grande de uma vez só.
Não protege contra doenças sexualmente transmissíveis.
Métodos naturais de observação do corpo São técnicas que exigem que a mulher conheça bem o corpo e consiga detectar quando está ovulando. A desvantagem é que são muito incertas -- mesmo com uma eficácia de até 98 por cento quando executadas direitinho, os 2 por cento são um risco considerável de gravidez num momento em que a família está completamente voltada para o bebê que acabou de chegar. Também não protegem contra doenças sexualmente transmissíveis.
• Método da amenorreia lactacional: Quando a mulher amamenta o bebê em tempo integral, sem dar mais nada a ele (chá, fórmula em pó, água), e não menstrua, nos primeiros seis meses a chance de ela não engravidar é de 98 por cento. Mas os 2 por cento são uma possibilidade nada desprezível de ter uma surpresa.
• Método de detecção da fertilidade: Consiste em acompanhar o ciclo menstrual observando a temperatura do corpo, medida todos os dias antes de levantar da cama, e as mudanças no muco cervical. A elevação da temperatura do corpo e a presença de secreção vaginal parecida com clara de ovo indicam fertilidade, ou seja, a mulher não deve manter relações sexuais nesse período para não engravidar.
No pós-parto, é um método difícil de seguir, pois a mulher não tem tempo de tirar a temperatura com calma antes de levantar correndo e ir buscar o bebê que está chorando. Além disso, a primeira ovulação pode chegar inesperadamente.
Atenção: O coito interrompido (quando o homem retira o pênis antes de ejacular), o chamado "gozar fora", não é considerado um método eficaz para evitar a gravidez, porque é grande a chance de ele não conseguir tirar o pênis a tempo, e o líquido que sai antes do orgasmo em si também pode conter espermatozoides.
Métodos definitivos (esterilização) São intervenções que "fecham a fábrica" de vez -- a reversão é complicada e cara. Por isso é preciso pensar muito bem antes de tomar uma decisão tão séria. Lembre-se de que a vida é cheia de imprevistos e reviravoltas, e uma certeza absoluta hoje pode não ser mais tão certa daqui a um tempo.
Esses métodos não têm efeitos colaterais e não interferem na amamentação, mas também não protegem contra doenças sexualmente transmissíveis.
Vasectomia: É um pequeno procedimento cirúrgico em que o médico corta dois "caninhos" que levam os espermatozoides dos testículos para o local onde o esperma fica armazenado, antes da ejaculação. O homem continua tendo ereções e ejaculando normalmente, mas o líquido deixa de conter espermatozoides.
É sempre bom fazer um espermograma pós-operatório para garantir o sucesso da cirurgia antes de o casal suspender o uso de outros métodos.
O SUS realiza, em tese, a vasectomia gratuitamente, mas é preciso preencher alguns critérios. Só podem fazer a cirurgia grátis pelo governo homens maiores de 25 anos ou, pelo menos, com dois filhos vivos, e é preciso esperar pelo menos dois meses entre a manifestação da vontade de fazer a cirurgia e a vasectomia em si. Além disso, é provável que haja fila ou outras dificuldades. Informe-se na unidade básica de saúde.
Laqueadura: Cirurgia em que as tubas uterinas da mulher são interrompidas para evitar a passagem do óvulo. Pode ser feita por um pequeno corte, ou então após a cesariana. Para evitar abusos, o Ministério da Saúde determina que a ligadura das trompas não seja realizada durante o parto, a não ser em caso de necessidade comprovada.
É preciso conversar com o médico, porque muitas vezes a regra não é seguida, e os ginecologistas preferem fazer a laqueadura junto com a cesárea.
Também em tese, o SUS faz a laqueadura gratuitamente, desde que a mulher obedeça aos critérios: ter mais de 25 anos e dois filhos vivos. É o que diz a Lei Nacional de Planejamento Familiar. Informe-se num posto de saúde para correr atrás do direito. É preciso esperar pelo menos 60 dias entre a decisão de fazer a cirurgia e a laqueadura propriamente dita.
Pílula do dia seguinte A contracepção de emergência serve para isso mesmo: um caso de emergência. Você não pode se fiar só na pílula do dia seguinte -- escolha um dos métodos acima. A pílula do dia seguinte é para ser usada quando as coisas deram errado (a camisinha furou, por exemplo) e não tem mais jeito.
É possível achar a pílula do dia seguinte em farmácias e nos postos de saúde. Ela tem de ser tomada o mais rápido possível depois da relação sexual, de preferência em até 24 horas, e no máximo até três dias, sendo que a eficácia vai diminuindo conforme o tempo passa.
Quem amamenta só pode tomar pílula do dia seguinte que contenha apenas levonorgestrel, a progesterona sintética, e não etinilestradiol, que é o estrogênio. Existem os dois tipos. Contraceptivos com estrogênio são contraindicados para lactantes.
Caso a gravidez já tenha acontecido, a pílula do dia seguinte não vai interrompê-la, nem prejudicar o bebê, segundo as pesquisas feitas até agora.
Há vários efeitos colaterais: enjoo forte, dor nos seios, alterações na menstruação. Por isso ela só pode ser tomada quando não há outro jeito. A eficiência da pílula do dia seguinte é bem menor que a dos métodos contraceptivos descritos acima (ou seja, ela falha mais).

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